quarta-feira, 6 de outubro de 2010

De onde vêm os bebês?

Já era o tempo em que as crianças perguntavam: “De onde vêm os bebês?”.
Pois é! Foi o que constatei e expressei em voz alta quando meu sobrinho mais novo me veio com a seguinte pergunta: “Tio, já houve alguma eleição em que algum candidato atingiu um índice maior que 70% das intenções de voto?” Cara! Boca aberta e mão na testa. Essa é a imagem que tenho de mim na hora em que ouvi essa questão saindo da boca de uma criança. Mas afinal, onde foi parar a inocência?
É obvio que hoje temos livre e muito acesso, seja pelo velho rádio (hoje presente até em aparelhos MP3), pela TV (até no celular), ou pela internet (a que faço uso nesse momento), todos os dias e a todo o momento somos bombardeados por milhares de informações e não é diferente com relação as nossas crianças. A questão é, até que ponto isso pode ser bom? Será que nossas crianças não estão perdendo a infância muito cedo? É claro que queremos vê-los mais inteligentes a cada dia, mas será que esse crescimento intelectual adiantado não está atrapalhando o crescimento sapiencial? Isto é, inteligentes, mas sem experiência será que eles têm juízo suficiente para entender a hora certa de cada coisa?
Digo isso diante de um fato escandaloso que me expôs minha teacher do curso de english. Ela (que também é ministra de música na igreja católica) leciona língua portuguesa no período diurno em um colégio público, e explicou pra gente que naquele horário há salas de 1ª a 4ª série e alunos de 5ª e 6ª, por isso há dois horários de intervalo, 1º pra 5ª e 6ª séries depois pro primário. Então ela contou que durante o 1º intervalo, estava em sala de aula passando a matéria com as crianças da 4ª quando bate à porta a inspetora. Ao que atendeu a mulher com feição de leve espanto como que querendo esconder algo, pede ajuda numa situação fora da sala. A professora prontamente se dispõe a ajudar e acompanha a inspetora até a sala ao lado (sala da 5ª série) que naquele momento deveria estar trancada já que os alunos estavam no intervalo, mas havia dois dedos de abertura. A inspetora apontou pra fresta e a professora olhou com cautela pra dentro no que viu dois alunos, um menino e uma menina, no canto da sala, ele sentado e ela encima dele fazendo...
Mais que espantada, a professora empurrou a porta com toda a força dizendo: “Mas o que é isso?” na hora a menina (de 11 anos e maria-chiquinha) saiu de cima do garoto (também de 11 anos) e abaixou a saia. O garoto saiu da sala com a inspetora enquanto a professora chamou a atenção da menina: “O que você pensa da vida garota?” ao que ela respondeu: “Mas a gente se gosta!” ainda perplexa a professora insistiu: “Mas... sabia que isso tem hora e lugar?” novamente ela respondeu e com a maior naturalidade: “Na minha casa não dá, na dele também não e não deixam a gente entrar no motel...”
É diante de fatos como esse que ponho a mão na consciência e penso em como estamos instruindo nossas crianças. Será que estamos realmente dando suporte necessário pra um bom crescimento? Será que como pais, tios, avós, padrinhos, enfim responsáveis como somos estamos ensinando valores ou negligenciando e deixando que aprendam de modo tortuoso as coisas mais simples da vida? Afinal de contas, não é simplesmente falando, dando bronca ou até batendo (como muitos pais fazem ainda hoje) que nossos filhos aprendem, mas com nossos exemplos, o modo como somos e agimos hoje os torna os adultos de amanha. Se jogamos o papel do lanche e o copo descartável do suco ou a lata refrigerante no lixo mais próximo ou se simplesmente arremessamos pela janela do ônibus, são ações simples assim que nossas crianças vêem e acabam absorvendo como exemplo de como agirem no futuro. 
Quando é que nesse mundo tão corrido e atarefado (sem tempo como costumamos dizer) que nos sentamos com eles pra conversar, seja apenas pra falar sobre o dia-a-dia ou tirar as duvidas mais simples de uma criança (isso antes do mundo ensinar o modo errado).
Estendo então o apelo que me fez a professora a todos que lerem esse texto nas palavras dela: “Sejam de que religiões forem ou a que igreja pertencerem, seja lá em que for que acreditem, orem, rezem e peçam por nossas crianças.”

4 comentários:

Unknown disse...

Eu acho que vc tem toda a razão, as crianças hoje em dia, estão crescendo sem aquela inocencia que adquirimos brincando na rua, com os amigos, entre pessoas reais e não virtuais.
Mas eu espero que daqui pra frente as pessoas percebam que é essencial que as crianças passem por todas as etapas e parar de viver nesse mundo virtual alienado.
To contigo ! hahaha
Beijão.

Ailton Santos disse...

Parabéns pelo o texto!! É muito importante filtrar as informações para as crianças,conversar com elas e não fingir que nada acontece.

Joice Lima disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Joice Lima disse...

Realmente criança não é mais como antigamente, msm eu com 17 anos,ainda peguei a fase que criança brincava de boneca de bola de gude,de carrinho, e brincadeiras de rua, onde criança ficava dentro de casa vendo desenho com um copo de nescau, e hoje, crianças ficam nas ruas,fazendo besteiras,fazendo tudo o q normalmente só um adulto deveria fazer, a inocencia acabou, mais ainda há esperança de voltar a ter inocencia para as crianças do futuro