sexta-feira, 25 de junho de 2010

RETORNO


(Então, caindo em si, disse a si mesmo: “Quantos operários de meu pai tem pão de sobra, enquanto eu, aqui, morro de fome!”) Lucas 15,18. Essa passagem é tirada da parábola do filho pródigo, do momento em que, percebendo a ASNEIRA que fez com sua vida, resolve voltar pra casa e pros braços do pai. Acho que antes mesmo de saber o que era igreja eu já havia ouvido essa história, mas nunca a entendi como entendo agora.
Dizem que se não encontramos Deus pelo amor acabamos encontrando pela dor. Tive o privilegio de ter entendido Sua mensagem e ter encontrado pelo amor. Foi no verão de 2001, retiro de carnaval na C. M. V.(http://www.cmv.it/) no Embu-Guaçu, meu 1º encontro pessoal com Deus, a 1ª vez que recebi o Espírito Santo, ou seja, meu 1º amor. Só quem já passou por isso sabe como esse momento é único e singular, simplesmente maravilhoso! Seu santíssimo corpo exposto ao final da missa na segunda-feira, não era a 1ª vez que ficávamos frente a frente, mas era a 1ª vez que eu entendia e sabia a importância d’aquele momento. Meu corpo inteiro estremeceu, o coração acelerou, havia uma inquietude incontrolável dentro de mim e a felicidade que eu sentia era inexplicável.
Eu já participava do grupo de jovens S. I. R. A. C. (http://siraquianos.blogspot.com/) e logo comecei a trabalhar na comunidade. Fui catequista assistente do meu amigo Naldo (http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=12835316373249579238), ajudava no que podia no SIRAC e participei de vários retiros como T. L. C. (http://www.tlc.org.br/portal/), cheguei a trabalhar em três TLCs, ajudei a fundar um ministério de teatro (não existe mais) aqui na comunidade que foi chegar aos ouvidos de D. Emílio, bispo da diocese de Campo Limpo (http://www.diocesedecampolimpo.org.br/historia.jsp) na época, passei pelo ministério de música do grupo de oração e com mais três amigos, cheguei à coordenação do SIRAC. Ufh... Tudo isso em quatro anos.
Me tornei uma pessoa muito ocupada com as coisas de Deus, reuniões todas as semanas, mas em casa era um desocupado. Vinte e um anos de idade e não tinha emprego, o que me causava alguns problemas e pequenos bate-bocas em casa. Abreviando um pouco, no ano em questão (2005) no dia 13 de maio (dia de Nossa Srª de Fátima) arrumei um emprego (sábados e domingos mais dois dias da semana), o que acabou me afastando da coordenação do SIRAC. Continuei no que podia, mas as missas aos domingos foram ficando cada vez mais raras, em conseqüência disso parei de comungar, o que foi me deixando cada vez mais fraco e sem oração, até que me afastei de vez.
A situação pra mim era até cômoda, um emprego seguro, onde precisavam de mim, alcancei certa estabilidade, mas faltava alguma coisa. Passei mais de quatro anos em idas esporádicas a uma missa ou outra, três deles sem me confessar. E nesse tempo eu pequei, mas pequei muuuuuito. Se existe um modo de medir pecado por pecado... Da pra imaginar o peso dos meus pecados me consumindo? A saudade de comungar, de poder sentir novamente o sabor da presença divina de Deus dentro de mim. Foi então que cheguei ao estado lastimoso do nosso amigo conhecido apenas como “filho prodigo”, quer dizer, financeiramente e na vida pessoal eu até que estava bem, mas espiritualmente me via comendo a lavagem do mundo, tudo que há de mais sujo e podre que o mundo tem a oferecer, eu estava morrendo de fome de alimento espiritual, o pão dos anjos.
É impressionante a forma discreta como Deus trabalha, somos acostumados a ouvir que Ele é onipresente, oniscientes, mas na pratica sempre acabamos sendo surpreendidos pelos seus desígnios. No fim do ano passado eu estava decidido a deixar essa vida mesquinha e me jogar de novo nos braços do pai, fui então pedir demissão de meu emprego, mas fui surpreendido. Meu chefe (que com certeza não iria me demitir) não quis aceitar minha demissão, ficamos num impasse e conversando conseguimos entrar num acordo que achava ser impossível, meus finais de semana. Depois de quatro anos e meio trabalhando todo fim de semana e feriados, com apenas um domingo por mês eu consegui meus fins de semana de volta. Mas claro que isso na poderia durar para sempre, então concordei em treinar alguém pra ocupar o meu lugar, permitindo assim que mais a frente eu pudesse ser demitido da empresa com todos os meus direitos, e assim se fez. É evidente que foi a mão de Deus trabalhando pra que tudo corresse dessa maneira, se não fosse por Ele...
Isso marcou o começo do meu retorno, foi à hora que comecei a fazer o trajeto de volta a casa do pai. Voltei aos poucos a frequentar a missa de domingo na comunidade, procurei o Ricardo (um dos meus melhores amigos) que há poucos meses iniciou um trabalho com um novo ministério de música (uma das minhas paixões), entrei pra banda. Mas ainda faltava um longo caminho, eu ainda não havia me confessado (continuava em estado de pecado), e depois de tanto tempo sem o sacramento da reconciliação... Esse é o momento do reencontro entre pai e filho, o momento de maior alegria do pai e de vergonha do filho, pois era exatamente assim que eu me sentia, como o filho prodigo pelo caminho a ensaiar as palavras que dirá, me via na entrada da fazenda acuado, sem coragem de abrir a porteira e correr em direção a casa grande.
Quase caí de novo, ficava desanimado, faltei a varias missas, a situação tava ficando feia pro meu lado, mas tinha chegado a hora de dar um basta, e depois de muito pensar, de me colocar diante do santíssimo e orar por essa coragem finalmente me confessei. Cara, foi como tirar um peso das costas, tudo de errado, todos os meus pecados queimados, se desfizeram, desapareceram no esquecimento e pra todo o sempre, é uma nova chance, um novo começo.
O momento agora pra mim é de reconhecimento, é um momento de reencontro com Deus, de recuperar minha intimidade com Ele, tudo aquilo que deixei um dia pra traz, é o momento de reaver o meu tesouro escondido e multiplicá-lo para onra e gloria do meu Amado Senhor. (“Se teu olho direito te leva a pecar, arranca-o e atira-o para longe de ti, pois é preferível para ti que só um membro teu pereça a que seja lançado no inferno teu corpo inteiro.”) Mateus 5,29.